AMAZÔNIA EM PAUTA
O Encontro+B 2025, realizado em Belém, resultou em uma carta coletiva com diretrizes e compromissos para enfrentar a crise climática e promover a justiça socioambiental.
O documento reflete as contribuições de líderes empresariais, representantes do poder público, povos e comunidades tradicionais, jornalistas, acadêmicos e ativistas de mais de 20 países, captadas por inteligência artificial durante o evento, organizado pelo Sistema B Brasil.
Diretrizes da carta - As diretrizes foram construídas de forma colaborativa durante o Encontro+B 2025, com a participação de cerca de 1.000 lideranças comunitárias, indígenas, quilombolas e empresariais, reunindo vozes de mais de 20 países, sendo que 30% dos participantes eram representantes locais como indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pequenos produtores e extrativistas.
Valorização de povos originários e comunidades tradicionais: reconhecer e fortalecer o protagonismo desses grupos; romper com a negação da ciência climática e dos saberes tradicionais; garantir que suas vozes sejam centrais durante e após o Encontro e na COP30.
Transição justa: promover uma transformação socioeconômica inclusiva, alinhando ganhos financeiros com responsabilidade social e ambiental; inspirar-se nos saberes ancestrais para liderar um modelo econômico regenerativo.
Ação coletiva: mobilizar empresas, sociedade civil e governos para implementar soluções concretas frente à crise climática; comprometer-se com ações mensuráveis que harmonizem desenvolvimento, bem-estar social e limites planetários.
Compromisso ético e global: garantir que a COP30 reflita a urgência científica e o imperativo ético de proteger o planeta, promovendo justiça climática, sustentabilidade e preservação da Amazônia.
O Movimento B reúne atualmente 9.445 empresas globalmente, sendo 341 certificadas e 565 em operação no Brasil, com mais de 150 mil trabalhadores e R$140 bilhões de faturamento anual.
O encontro contou com cerca de mil lideranças e ocorreu na Universidade Federal do Pará (UFPA), com apoio de Natura, Gerdau, Agro Sustentable, IDRC e Sistema B Uruguai.
Declarações dos porta-vozes

Rodrigo Gaspar, co-CEO do Sistema B Brasil - “Estamos vivendo uma encruzilhada histórica. A crise climática e as desigualdades são sinais de um sistema que se exauriu. A mensagem que queremos levar ao mundo é que já temos alternativas concretas. Mas precisamos de coragem coletiva para mudar as regras do jogo, colocar a vida no centro das decisões e lembrar que colaboração não é opção: é condição de sobrevivência.”
Jéssica Silva, co-CEO do Sistema B Brasil: “Como mulher nordestina, sei o que é resistir e reinventar caminhos com poucos recursos. Essa história se repete em comunidades indígenas, quilombolas, periféricas e camponesas em todo o mundo. São territórios que guardam a memória da terra e soluções ancestrais para cuidar dela. Nossa mensagem é também um chamado à escuta: o futuro será construído com quem sempre foi silenciado.”
Cinthia Gherardi, co-CEO do Sistema B Brasil - “Essa transformação precisa de escala e estratégia. Empresas, investidores e governos têm a oportunidade — e a responsabilidade — de alinhar lucro com regeneração, inovação com justiça social. Nossa mensagem ao mundo é de esperança ativa: não basta imaginar uma nova economia, é preciso financiá-la, comunicá-la e torná-la realidade em cada decisão de negócio e política pública.”
Francisco “Pancho” Murray, diretor executivo do Sistema B Internacional - “O Manifesto do Encontro+B é um chamado global à ação, engajando líderes, empresas e comunidades para adotar práticas que equilibrem crescimento econômico com bem-estar social e ambiental. Criado coletivamente, ele representa nossa visão compartilhada de um futuro onde prosperidade e sustentabilidade caminham lado a lado, inspirando mudanças significativas que ressoam em todo o mundo.”
Confira abaixo a carta na íntegra:
04 de setembro de 2025, Belém, Pará, Brasil
MENSAGEM AO MUNDO: DO MOVIMENTO B PARA A COP30
Ao Presidente da COP30,
Excelentíssimo Senhor Embaixador André Corrêa do Lago,

Encaminhamos esta mensagem como uma contribuição para uma economia que reconhece nossa interdependência e responsabilidade de promover sociedades mais justas, prósperas e resilientes ao clima. Ela nasce das reflexões e diálogos assumidos por líderes empresariais e representantes do poder público, povos e comunidades tradicionais, jornalistas, acadêmicos, ativistas e cidadãos engajados que se uniram sob o lema "A Raiz do Futuro" durante o Encontro+B Amazônia 2025 na Universidade Federal do Pará, em Belém, organizado pelo Movimento Global de Empresas B - representado pelo Sistema B Brasil e Sistema B Internacional.
Somos um movimento global de empresas que redefinem o sucesso empresarial, considerando o êxito financeiro combinado com o bem-estar da sociedade e do planeta. Presentes em mais de 100 países, representamos uma comunidade de lideranças que utilizam seus negócios para construir um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo.
Esta mensagem representa uma contribuição colaborativa ao Balanço Ético Global, iniciativa liderada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, e pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, como parte dos Círculos da Presidência da COP30.
VALORIZAÇÃO DOS POVOS ORIGINÁRIOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS: UMA QUESTÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO HISTÓRICA
Tema relevante, mas pouco discutido com a profundidade que merece, o estabelecimento de alianças genuínas com os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e demais comunidades tradicionais é um dos pilares fundamentais para a evolução de nossa existência como seres humanos. Enquanto encaramos uma crise climática sem precedentes, percebemos, a partir do coração da Floresta Amazônica, a chave para desbloquear soluções que a ciência institucionalizada está apenas começando a compreender.
Durante o Encontro+B Amazônia 2025, essas vivências ecoaram com força renovada, lembrando-nos que a inovação não está somente em tecnologias que ainda não foram inventadas, mas em conhecimentos que nunca foram perdidos - apenas sistematicamente ignorados e, violentamente, silenciados. A cada palavra compartilhada por representantes empresariais e comunitários, ficou evidente que estamos diante não apenas de uma oportunidade de aprendizado, mas de uma responsabilidade histórica de escutar aqueles que sempre souberam como manter nossa sociobiodiversidade viva.
Convocamos as empresas a romper com a negação sistemática da ciência climática e dos saberes tradicionais, cientes de que ainda há um longo caminho a percorrer nesse tema. No âmbito do Encontro+B Amazônia 2025, por exemplo, contamos com a presença de representantes locais que corresponderam a 30% dos participantes do evento.
Entretanto, reconhecemos que esse quantitativo ainda não é satisfatório e que é necessário avançar. O fortalecimento contínuo desse protagonismo de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pequenos produtores, extrativistas e demais comunidades tradicionais, portanto, é parte essencial de nossa atuação, intencionando a continuidade desse movimento que se iniciou há 18 meses com a decisão de potencializar nossa presença aqui não apenas durante o Encontro, mas também após sua realização e no contexto da COP30.
TRANSIÇÃO JUSTA
Como destacado pelo Balanço Ético Global, a crise climática exige mais do que dados ou conhecimento técnico: exige coragem, escuta ativa, compromisso socioambiental e colaboração genuína.
Alinhados com os princípios da transição justa defendidos na Declaração Final da Cúpula Social do G20, reafirmamos nosso compromisso com uma transformação socioeconômica que não deixe ninguém para trás.
Uma economia justa é baseada no cuidado e reconhece a possibilidade de ganho financeiro alinhado ao olhar harmonizado com a coletividade. Somos um movimento empresarial que entende que não podemos internalizar lucros e externalizar custos sociais e ambientais.
Os povos e comunidades tradicionais materializam seus saberes ancestrais na vivência em comunidade e na forma de fazer negócios, sendo inspiração às Empresas B. Essas, por sua vez, são exemplo prático de lideranças empresariais comprometidas com a construção e melhoria de um sistema econômico inclusivo, equitativo e regenerativo para todas as pessoas e o planeta.
UM CHAMADO À AÇÃO COLETIVA
Este momento histórico exige uma resposta à altura da crise que enfrentamos. A COP30 em Belém representa uma oportunidade única de mostrar ao mundo que as soluções existem e podem ser implementadas quando há vontade política, engajamento do setor privado e participação genuína da sociedade civil.
Oferecemos nossa colaboração integral para que a COP30 seja verdadeiramente a COP da implementação. Nesse sentido, B Lab, Sistema B e Empresas B se comprometem a entregar um manifesto com ações concretas, viáveis para as empresas contribuírem para um modelo de desenvolvimento que harmonize com bem-estar social e limites planetários.
Esta mensagem representa mais do que palavras no papel. Ela simboliza um compromisso ético assumido no coração da Amazônia, testemunhado pela floresta e por aqueles que a protegem há gerações. Cada assinatura aqui presente representa uma voz que se levanta em defesa do nosso futuro comum. Com mais de 10.000 Empresas B Certificadas, respondemos ao chamado com ação concreta, compromissos mensuráveis e a determinação de transformar a realidade a partir do mercado.
Estamos dispostos a atuar para que a COP30 seja lembrada como o momento em que o mundo escolheu agir, inspirado pela força da maior floresta tropical do planeta e pela sabedoria de seus povos. Queremos que as decisões tomadas em Belém reflitam não apenas a urgência científica, mas também o imperativo ético de garantir um planeta habitável para as presentes e futuras gerações.
Sem Amazônia, não tem clima. E sem clima, não tem futuro.
ASSINATURAS
Rede Sistema B, B Lab e Participantes do Encontro+B Amazônia 2025.
Universidade Federal do Pará - UFPA Belém, Pará, Brasil 05 de setembro de 2025
Esta carta foi construída colaborativamente durante o Encontro+B Amazônia 2025, com base nos diálogos, sessões e oficinas realizadas entre os participantes, conforme registrado em áudio mediante consentimento informado, para fins de memória institucional e contribuição ao Balanço Ético Global da COP30.
Vamos pautar?
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