POLÍTICA
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado Federal realizou na terça-feira, 05, audiência pública com a presença do embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Kazimirovitch Labetskiy para debater sobre a invasão russa na Ucrânia. Vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o senador Zequinha Marinho tratou sobre os impactos provocados na economia brasileira, especialmente, às questões relativas ao risco de desabastecimento na importação de insumos agrícolas.
Em 2021, das 40 milhões de toneladas de fertilizantes importadas pelo Brasil, 20% vieram da Rússia. Em âmbito global, o país é o maior produtor de nitrogenados e potássicos, além de ser o 3º maior produtor de fosfatados, todas substâncias fundamentais para a produção agrícola.
Para o setor do agro, as sanções comerciais impostas à Rússia podem gerar sérios danos ao Brasil. O senador Zequinha explica que o Sistema Swift é responsável pela realização e cumprimento de contratos financeiros no mundo todo. Porém, após o início do conflito, uma série de sanções foram impostas à bancos russos para utilização do sistema, o que tem criado incertezas nas transações comerciais com empresas sediadas na Rússia. Em sua fala direcionada ao embaixador, o senador questionou se os contratos de compra e venda de fertilizantes poderiam ser dificultados pela insegurança nas transações. “Nesse momento já existe alguma dificuldade referente a transações, ocasionadas pelas restrições impostas aos bancos russos”, indagou o vice-presidente da FPA.
Considerando as sanções comerciais impostas à Rússia como “ilegítimas”, o embaixador da Rússia diz que esse bloqueio irá levar a criação de “novas modalidades de cooperação. O principal fator que me convence que isto vai acontecer é o fato real que o mundo é globalizado”, ressaltou Alexey.
Em resposta ao senador Zequinha Marinho, o embaixador confirmou o interesse russo em continuar alargando a parceria estratégica com o Brasil. “Nas novas condições, isso poderá permitir não só alargar a cooperação, mas garantir a base para a segurança alimentar dos nossos países”.
Somente no ano passado, o comércio bilateral entre Brasil e Rússia somou US$ 7,5 bilhões. Da parte brasileira, são exportados à Federação da Rússia produtos da agroindústria. Já da parte Russa, o principal item da pauta de exportação para o Brasil são os fertilizantes utilizados pelo agro. “Nosso mercado está aberto para os produtos finais da agroindústria brasileira. No nosso país nós nunca vamos produzir as coisas da agroindústria tropical e semitropical, por razões puramente climáticas. Nós estamos abertos para alargar a cooperação e fornecer os fertilizantes para o Brasil, participando na criação dos novos sistemas de logística, distribuição e elaboração dos fertilizantes”, concluiu o embaixador russo.
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