O consumo de suplementos alimentares tem crescido de forma acelerada no Brasil, impulsionado por tendências de saúde, estética e performance física. Mas, esse crescimento acende um alerta entre especialistas: o uso sem acompanhamento profissional pode trazer sérios riscos à saúde. O nutricionista e coordenador do curso de Nutrição da UNAMA Santarém, Daniel Castro, especialista em nutrição esportiva e fitoterapia, explica que o aumento no consumo está ligado à maior preocupação da população com saúde e aparência, além da influência de redes sociais, academias e até profissionais da área.
“Muita gente encara o suplemento como um atalho para alcançar o corpo dos sonhos, sem mudar hábitos alimentares ou estilo de vida”, explica Daniel. Entre os principais riscos do uso indiscriminado estão a sobrecarga de órgãos como fígado e rins, interações medicamentosas, desequilíbrios nutricionais e até desperdício financeiro. “Às vezes o corpo nem precisa daquele nutriente e elimina tudo pela urina”, alerta.
Daniel destaca três equívocos recorrentes: tomar suplementos sem avaliar deficiências reais, exagerar na dose e misturar vários produtos sem saber se fazem sentido juntos. “Mais suplemento não significa mais saúde”, resume.
Idosos, adolescentes e atletas são públicos que demandam cuidado extra. “Esses grupos têm necessidades específicas e maior risco de efeitos adversos, inclusive doping acidental no caso dos atletas”, explica Daniel.
Fitoterápicos e suplementos “naturais” também podem causar efeitos colaterais, interagir com medicamentos e ter contra indicações. “É preciso lembrar que plantas têm princípios ativos que mexem com o organismo”, pontua. O especialista reforça ainda que os suplementos devem ser usados como complemento, nunca como substituto de uma alimentação equilibrada. “Comer mal tomar suplemento é como lavar o carro e jogar lixo dentro: não faz sentido.”
Para o nutricionista, a chave está na moderação e na orientação profissional. “Antes de suplementar, vale muito mais fazer um exame, ajustar a alimentação e conversar com um profissional sério. A suplementação certa, na dose certa e no momento certo, pode ajudar muito. Mas o uso errado, além de jogar dinheiro fora, pode fazer mal.”
Além de todos esses cuidados, a recomendação é verificar se o produto possui registro ou notificação da Anvisa no rótulo. Aplicativos como “Consulta de Produtos Regularizados” ajudam a confirmar a legalidade. “Se não tem CNPJ ou fabricante claro, fuja”, orienta.
Estética x performance: existe diferença?
A suplementação estética costuma focar em colágeno, biotina e antioxidantes, enquanto a esportiva prioriza whey protein, creatina e BCAA. Apesar das diferenças, ambas exigem orientação profissional para garantir segurança e eficácia.
O nutricionista recomenda cautela ao seguir dicas da internet. “Nem todo influenciador tem formação na área. Promessas milagrosas devem ser vistas com desconfiança”, afirma. Ele também orienta que os produtos sejam adquiridos em locais confiáveis, evitando links suspeitos em redes sociais.
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